terça-feira, 20 de março de 2012

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MORTE E VIDA


Dom Paulo Mendes Peixoto


Na trajetória do tempo da quaresma, temos que repetir uma frase de Jesus que se torna fundamental: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. Isto indica uma vida realizada, feliz e plena, não só na dimensão da eternidade, mas também nos dias de hoje. Ela só será saudável no futuro se for autêntica no presente.
A morte precoce, violenta e irresponsável pode por fim a vida terrena e prejudicar a felicidade futura. Mas pode também ser o salto de qualidade na entrega feita a Deus, entendida até como martírio. Na morte de Cristo na cruz, de forma das mais violentas possíveis, está a vida e a promessa de ressurreição para todos.
Dentro dos critérios da cultura marcadamente capitalista, passa pela cobiça e pela competição a conquista do mundo feliz. Mas acaba provocando uma grande desigualdade entre as pessoas e uma guerra desenfreada pelo dinheiro, gerando violência e insegurança. Isto não pode significar vida plena já aqui no mundo e causa muita infelicidade.
O mundo tem que descobrir que a via é outra. A alternativa é a capacidade de doação, de sacrificar-se pelo outro, superando todo tipo de acúmulo egoísta e sem função social. É como a semente colocada na terra. Para produzir frutos, ela tem que morrer. Deve ser regada, evitando que seque na terra e fique infértil.
Toda infidelidade à lei da vida ocasiona morte. É como o povo judeu, infiel à Aliança e aos princípios da Lei, seu reino foi invadido pelo Império da Babilônia, provocando destruição, morte e escravidão. Não podemos perder a sensibilidade do coração em relação à lei da solidariedade e do respeito aos mais necessitados.
Jesus sempre mostrou que a vida nasce da morte, a vitória surge do fracasso e a salvação é consequência do sacrifício que fazemos em favor dos outros. É um indicativo difícil de ser entendido na sua realidade, principalmente no mundo da arrogância, da concentração de poderes, de egoísmo etc. A vida pascal, ressuscitada e feliz, vem pela morte.



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