SERVIR PARA GANHAR
Dom Paulo Mendes Peixoto*
Olhando para a história de vida de cada pessoa, sem levar em conta as atitudes de fraqueza, daquilo que é próprio da condição humana, encontramos muitas coisas boas que foram realizadas. São as ações de serviços prestados ao próximo que causam gratuidade.
Quem não serve não ganha. É condição do Reino de Deus. Quem serve é amado pelo Senhor, porque realiza aquilo que identifica o “ser de Deus”, o serviço para fazer o bem. Questão de testemunho, e aí passa o anúncio da Palavra e do Projeto de Deus.
Falo de serviço à Palavra, diante da qual não podemos ficar acomodados. Ela é a voz que defende a vida, que toca nas realidades do cotidiano, provoca dignidade, incentiva a esperança e não se conforma com injustiças e exploração do próximo.
Numa cultura eminentemente capitalista, onde a preocupação maior é o lucro e os interesses pessoais, a Palavra de Deus tem muito a dizer. Ela não pode ser adulterada, adequando-a àquilo que não favorece a realização do bem comum.
A Palavra liberta e gratifica a quem serve, a quem acolhe os pequeninos e desprotegidos. Ela chega a confundir e dispersar os grandes e egoístas deste mundo. Não podemos ser falsos e incoerentes diante dela e coniventes com as situações de injustiças.
Toda autoridade tem uma palavra de peso. E isto pode ser de opressão e não de liberdade e vida digna. Pode ser de amarrar fardos pesados e colocá-los nos ombros dos outros. A Palavra de Deus denuncia essas práticas que causam sofrimento.
Sendo autoridade ou súdito, as condições cristãs são as mesmas. É neste contexto que podemos dizer que, quem serve ganha. É colocar as condições reais da vida a serviço do próximo, que também é pessoa humana.
O valor absoluto, no dizer de Jesus, é a fraternidade, daquele que se põe a serviço: “O maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês”. A grandeza da pessoa está na doação que ela faz para libertar o povo dos fardos que o pesam.
*Bispo de São José do Rio Preto
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