terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Orientações Pastorais

ORIENTAÇÕES PARA AS PRÁTICAS PASTORAIS
NA FORANIA DE IPANEMA

Padre Silas de Paula Barros*

Planejamento pastoral: um instrumento sustentável para organizar a nossa ação evangelizadora nas comunidades, no caminho da caridade.

CONHECER A REALIDADE
Optaremos pelo modelo que se tornou conhecido, (método ver, julgar e agir). Nascido no seio da Ação Católica dos anos 50, na Bélgica, encontrou e encontra um campo fértil para seu desenvolvimento na Igreja . Novos elementos de acordo com as necessidades da nossa realidade e com a nossa compreensão teológico-pastoral (foi acrescentado, por exemplo, o “celebrar”, o “avaliar”).
 Chamado também de “método participativo”, colocando em destaque o aspecto “comunhão, missão e participação”, tão importantes à Igreja, especialmente a partir do Concílio Vaticano II.

OS CAMINHOS ALTERNATIVOS

 A. INICIANDO O PLANEJAMENTO
A primeira preocupação será a de motivar a comunidade. O planejamento não é idéia e ação de uma ou mais pessoas, mas de toda uma comunidade que sente a necessidade de planejar a ação pastoral. É fundamental a presença de uma boa coordenação que procure harmonizar e fazer acontecer o processo, sem andar na frente e fazer pelos outros.
Organizar um grupo é importante (capacitação metodológica). É preciso ajudar as pessoas a se prepararem para que possam se sentir sujeitos do processo. As Assembléias, os Conselhos de Pastoral, as equipes de serviço e outras realidades que envolvem a ação evangelizadora são importantes.
Mesmo que o planejamento seja um processo contínuo, ele possui os seus tempos. É importante haver, ao menos como base, um prazo definido para começar e terminar. A coordenação do planejamento pastoral deve registrar por escrito todos os passos realizados. O resultado final desse trabalho será praticamente o Plano de Pastoral para a comunidade caminhar na construção do reino de Deus e na formação de uma sociedade mais justa e humana.
B. VER A REALIDADE A SER EVANGELIZADA
Jamais se começa uma ação pastoral ou um planejamento do zero. É preciso conhecer adequadamente a realidade a ser evangelizada. Nessa realidade já encontraremos muitos sinais da ação de Deus. Ver a realidade significa buscar conhecer a sociedade e a Igreja que realmente temos. Com isso, vamos construindo um “marco da realidade”.
É preciso ver a realidade com o olhar de Deus, um olhar que tem como objetivo a Salvação, ou seja, a transformação da realidade. A caridade pastoral direcionará este olhar. Será muito útil definir alguns enfoques de análise como, por exemplo, analisar a realidade da sociedade e da Igreja; analisar aspectos que formam a realidade como, por exemplo, aspectos pessoais, sociais, políticos, econômicos, religiosos, experiências anteriores, interferências externas, mundo digital, etc.
C. JULGAR E ILUMINAR A REALIDADE
É o momento de refletir sobre a sociedade e a Igreja que queremos. Julga-se a realidade com os olhos de Deus, tendo como base a Palavra de Deus, a Tradição da Igreja, os valores da nossa Fé, e outros valores que darão sustentação para que a vida possa crescer e florescer, etc.
Compara-se a realidade vista no momento anterior com as idéias e valores do Reino. Tudo isto nos ajuda a discernir os desafios da nossa ação evangelizadora (oportunidades, ameaças, opressões, ou apelos), relacionar as urgências e prioridades e determinar o que queremos fazer para melhor viver a travessia.
D. SINTONIZAR O OBJETIVO GERAL
Do encontro entre o que temos (marco da realidade) e o que queremos ter (marco doutrinal), nasce o objetivo geral, elemento integrador de toda a atividade pastoral. O objetivo geral deve ser elaborado em sintonia com as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, do Regional, da nossa Diocese, da Paróquia, etc.
E. AGIR SUSTENTÁVEL NA REALIDADE
É o momento de selecionar e programar as atividades. Esta programação deve ser caracterizada pela unidade, criatividade, visibilidade e objetividade. A escolha de prioridades deve sempre estar em harmonia com o objetivo geral. É importante, neste momento, reforçar e criar estruturas e espaços que garantam a possibilidade de se realizar aquilo que se está programando.
Da mesma forma é preciso definir as responsabilidades a serem assumidas. Nesse momento, temos praticamente pronto o Plano de Pastoral. Este plano deve ter um prazo de vigência e ser muito bem divulgado para toda a comunidade.
F. SABER AVALIAR O PLANEJAMENTO
O processo de planejamento é contínuo, deve ser também a avaliação. Todas as etapas do processo de planejamento devem ser avaliadas. Mas, uma vez definido e colocado em prática o plano de pastoral, é preciso definir momentos específicos para a avaliação do próprio plano. É fundamental uma atitude de abertura às críticas, sugestões, etc.
G. RETOMAR O PLANEJAMENTO É IMPORTANTE
É o que garante que o planejamento pastoral se torne verdadeiramente um processo contínuo e não somente um momento da vida de uma comunidade, de uma pastoral ou de um movimento eclesial. Ao retomar o planejamento, já estaremos começando a preparar um futuro plano.
PARA PENSAR
·     “mais importante que os resultados futuros de um planejamento pastoral, é o próprio processo de planejamento”;
·     “no planejar já se está evangelizando e se evangelizando”;
·     “o planejamento reflete a Igreja que somos e ao mesmo tempo edifica a Igreja que devemos e podemos ser”.
(Lucas 14,28-30)

*Forâneo e pároco de Mutum

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Artigo da Semana: 22 a 28 de janeiro


POLÍTICA E DINHEIRO

Dom Paulo Mendes Peixoto*

Infelizmente, as comunidades cristãs são muito desorganizadas em relação à Pastoral fé e política. O nível de formação nessa dimensão é muito baixo e, com facilidade, as pessoas vendem sua liberdade na escolha de nossos dirigentes. É feio assistir a aceitação de doações de candidatos em troca de apoio nas eleições. É atitude desonesta com a sociedade, expressão concreta de corrupção.
Por isso, o povo está assustado com o nível de corrupção dos últimos tempos. Vemos que ela é fruto da perfeita conjugação existente entre política e dinheiro. Não da verdadeira política, daquela assumida como instrumento do bem comum, mas da que se apresenta como trampolim para que alguns consigam poder e, com ele, possam explorar as necessidades do povo.
Estamos diante de um cenário escandaloso nos diversos níveis do poder. Não sabemos até quando o povo vai continuar aguentando e engolindo tudo isso. É preciso ter muita fé para não perder a esperança.
Não imaginamos o que está por trás de tudo isto. Pelo menos podemos concluir que o nível ético dos políticos corruptos é muito baixo. Pior ainda, a qualidade de sua espiritualidade também o é, por não levar em conta o respeito para com o bem público. Pensam em si e não nos outros.
Toda pessoa eleita com o sufrágio do povo, mesmo com votos comprados ou vendidos, tem o poder nas mãos. O cargo não devia ser cabide de emprego e de estabilidade pessoal, mas serviço de construção da sociedade. Sendo usado sem ética, pode ser instrumento para favorecer desvios públicos.
O clima de desconfiança do povo em nossos políticos está aumentando, porque os fatos que os desabonam continuam acontecendo. Sabemos que a corrupção não é de agora, e que ela não parece caminhar para um perfil de mais honestidade e confiabilidade. Será que não estão faltando líderes mais autênticos no mundo político?
A classe política brasileira tem uma dívida quase impagável com o país. Muitas atitudes corporativistas, que favorecem poucos privilegiados, impedem o comprimento da justiça e levam tudo ao nada.
Com esta generalização da corrupção, principalmente no mundo da política, será que estamos num “beco sem saída!?”. Não é o apego exagerado ao dinheiro que está causando tudo isto? Enriquecimento de grupos à custa da compra de políticos para favorecimentos de forma totalmente injusta?
É a corrupção que deve ser enfrentada pela população. É necessário descobrir caminhos para salvar a sociedade. Não com guerra e ódio, mas com a conscientização política, formação cidadã, coerência, autenticidade e ética nas decisões livres feitas por voto transparente.
O Brasil, com toda sua pujança, não merece ter um nível tão baixo na classe política como tem acontecido. Isto impede o crescimento, favorece a violência e causa insegurança. Não votam leis em beneficio do povo. Basta citar a vergonha em relação à Lei da Ficha Limpa.
Sabe o que realmente está faltando para os nossos maus políticos? Falta Deus e o perfil de sua Palavra. Ser verdadeiramente humano supõe ser também verdadeiramente divino. Sem isso, vamos continuar assistindo ao teatro das irresponsabilidades na gestão pública.

*Bispo de São José do Rio Preto

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mudanças na forania de Ipanema

PADRE RONALDO DEIXARÁ AS PARÓQUIAS DE CHALÉ
 E DE LAJINHA

Pe. Ronaldo anuncia com pesar sua saída.
Na reunião do CPP (Conselho Pastoral Paroquial) do 21 de janeiro, em Chalé, padre Ronaldo Patrício de Freitas anunciou sua saída das paróquias de Chalé e de Lajinha. Segundo o padre, no último dia 16, o bispo diocesano dom Emanuel Messias de Oliveira anunciou a mudança o convidou para uma reunião e anunciou a mudança. Padre Ronaldo confessou ainda que esta é uma das 18 mudanças que o bispo pretende realizar na diocese.
A notícia causou surpresa a todos os participantes e teceram elogios e lamentaram a repentina saída do administrador paroquial.  Padre Ronaldo substituirá padre Ademílson Tadeu Quirino no seminário diocesano como diretor espiritual a partir do dia 4 de fevereiro. Padre Ademílson se afasta por motivo de saúde. Até que todas as mudanças se resolvam padre Ronaldo continuará celebrando as missas nas paróquias.
Padre Ronaldo admitiu ser desafiante o fato de se distanciar do contato com o povo e passar a atuar em seminário. “Não é fácil, mas a gente está a serviço”, concluiu o padre.

Com informações da PASCOM de Chalé

Pocrane em 2012

MOVIMENTAÇÃO PASTORAL EM POCRANE:
SETOR 2 DA PARÓQUIA REALIZA PRIMEIRA REUNIÃO DO ANO E PASTORAL DA JUVENTUDE PREPARA SUBSÍDIO SOBRE DGAE


Integrantes do Setor 2.
O ano novo iniciou-se com grande movimentação pastoral em Pocrane. No dia 22 de janeiro, o setor 2 se reuniu na comunidade de Bocaína para realizar a sua primeira reunião do ano. O setor é composto por oito comunidades: Ilha, Taquaral, Santa Cruz, Santa Bárbara, São Pedro, Bocaína, Boa Vista e Bonsucesso. Destas só as três primeiras não participaram.
O encontro foi dirigido por João do Duca, de São Pedro. Cada comunidade partilhou as respostas das perguntas dos grupos de reflexão. No final foram passados alguns avisos. O plenário acontecerá na data que a comunidade decidir, pois no próximo fim  de semana, dia 27, haverá a preparação para a Semana Santa com o Curso da Campanha da Fraternidade de 2012.
PJ de Pocrane.
O setor se reúne mensalmente. As comunidades sempre se encontram nas festas de seus padroeiros.
Outra pastoral que esteve planejando atividades para este ano foi a da juventude. Os jovens de Pocrane estão preocupados com sua formação. Neste intuito, eles prepararam um subsídio para estudar as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2011-2015). O subsídio de formato semelhante aos roteiros se encontra em fase de revisão. São nove encontros preparados para os meses de março e abril. Esta a segunda iniciativa semelhante na forania de Ipanema, na paróquia de Conceição de Ipanema existe o subsídio mensal para grupos de jovens “Palavras Que Ficam”.

PASCOM da Paróquia de Pocrane

Festa de São Sebastião II

COMUNIDADE DE AÇARAÍ DA PARÓQUIA DE POCRANE CELEBRA SEU PADROEIRO

Capela de São Sebastião, em Açaraí.
A comunidade de São Sebastião de Açaraí celebrou seu padroeiro em ritmo de muita festa. Todos os anos a comunidade se reúne para celebrar com as comunidades vizinhas.
Às 17 horas, padre Elias de Souza Dorneles presidiu a Celebração Eucarística. A comunidade e os convidados encheram a capela. No comentário inicial, foi lembrada a vida de São Sebastião. “Seu testemunho pode ser um grande auxílio na vida do cristão”, foi destacado na homilia. A comunidade de Cantinho do Céu participou com uma bem preparada equipe de cânticos.
No fim da celebração, recordou-se a união que a comunidade experimentou na preparação da festa. Muita gente esteve envolvida. O gesto maior pode ser percebido em frente à capela. Uma pequena praça que deixou a vista da capela ainda mais bonita. A praça é fruto do trabalho duro de uma equipe com a participação de todos.
Além desses detalhes, ganhou destaque a folia de São Sebastião. Já se tornou tradição na festa a participação dos foliões. Eles cantam “benditos” longos acompanhados ao som de violões, sanfonas e pandeiros. Os foliões são de Açaraí e das comunidades vizinhas. A cantoria costuma se estender por dias visitando várias casas.
À noite, bingos e um show com Ronan e Roney, cantores da cidade, encerrou as homenagens ao santo padroeiro.

PASCOM da Paróquia de Pocrane

Festa de São Sebastião

COMUNIDADE SÃO SEBASTIÃO DA CIDADE DE SÃO JOSÉ DO MANTIMENTO FESTEJA SEU PADROEIRO

Luzia do Couto Gamito*

Sebastião Rosa e Da Mata conduzem o andor durante a procissão.
Dia 20 de janeiro foi um dia de grande festa para a comunidade de São Sebastião em São José do Mantimento. A comunidade com grande festa comemorou o dia de seu padroeiro. Várias comunidades se fizeram presente neste dia de festa, inclusive de paróquias vizinhas como de Chalé e Santana do Manhuaçu. As comemorações começaram com a Santa Missa que foi celebrada na rua ao lado da capela. Antes da bênção final foi feita uma caminhada em torno do quarteirão. Quando a procissão chegou novamente ao local da missa houve uma apresentação teatral com os jovens e adolescentes da comunidade.  Logo após a bênção final teve um momento de louvor, um show com a banda Nossa Senhora da Conceição, assim nomeada pelo padre Roberto, a banda composta pela equipe de cantoria da Matriz. A banda colocou a todos para dançar louvando a Deus enquanto se preparavam para o bingo e os leilões. A festa contou também com barraquinha. Para encerrar a banda cantou mais algumas músicas para coroar com “chave de ouro” este dia festivo, que não alegrou somente aos membros da comunidade anfitriã, mas todos que se fizeram presente.


*Administradora do blog da Paróquia de Conceição de Ipanema

domingo, 22 de janeiro de 2012

Entrevista Exclusiva!

ENTREVISTA COM PADRE RENATO DUTRA BORGES, SDN E PADRE JOÃO LÚCIO GOMES BENFICA, SDN

Por José Aristides da Silva Gamito*

O blog “Forania de Ipanema On line” conversou via e-mail com os padres Renato e João Lúcio que estão em missão em Angola e traz para você a emoção, as experiências, os desafios que esses dois missionários estão vivendo em terras africanas.

FORANIA DE IPANEMA: Quando foi que os senhores chegaram à África? Como foram esses primeiros dias, a acolhida, as primeiras impressões?

MISSIONÁRIOS: Chegamos em Luanda, capital de Angola dia 11/01 e aguardamos o voo até Lwena, capital da província do Moxico e sede do bispado, chegamos em Lwena dia 12/01. No dia 13/01 partimos para a paróquia São Bento em Cazombo, da qual será desmembrada a paróquia de Santo Antônio de Kavungo, onde iremos residir.
Ao chegarmos no aeroporto internacional de Angola – Luanda, ficamos um longo tempo na fila da migração estrangeira para o carimbo do visto. Logo em seguida encontramos com um enorme sorriso no rosto da irmã Evinha, Sacramentina de Nossa Senhora, que nos acolheu com muita alegria. Nos conduziu até sua residência depois de termos passado na CEAST órgão da Conferencia Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe no departamento que cuida da documentação dos Missionários estrangeiros. À tarde fomos fazer o chek-in das bagagens para Lwena, para nossa surpresa o limite de peso das bagagens foi reduzido para 20 kg por pessoa, assim tivemos que pagar pelo excesso de nossa bagagem que já era pouca, 30 kg cada um. Terminado os procedimentos retornamos para a casa das irmãs sacramentinas que para o repouso e na madruga, conduzidos pelo Pe. Marcelo, salesiano, voltamos ao aeroporto doméstico de Luanda para o embarque rumo a Lwena.
Pe. Mayrink junto ao povo angolano, camisa amarela e óculos
Na viagem para Lwena, diocese onde vamos viver e testemunhar nossa vida de Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora encontramos irmã Susana, já conhecida dos Pes Renato e Geraldo Mayrink e novas amizades começaram já a ser estabelecida com um jovem argentino, leigo voluntário salesiano de nome Francisco e que nos ajudou muito no embarque pois a polícia de imigração não queria aceitar o xerox autenticado de nosso passaporte. E com intervenção desse jovem tudo se resolveu, até porque os padres e as irmãs são muito bem vindos a Angola, por não ter deixado o povo em tempos de guerras. . Em Lwena onde as irmãs já nos esperavam para nos conduzir ao episcopado onde o bispo diocesano Dom Tirso nos esperava demostrando sua alegria em nos acolher. Apresentou nossos quartos e podemos conversar um pouco sobre nossa viagem e os preparativos que ainda estavam por acontecer.
Foram apresentados a nós alguns documentos da CESAT e da diocese sobre a organização das pastorais e os livros litúrgicos, coleção da liturgia das horas e o missal dominical e ferial. Padre Abel Neto, procurador da diocese nos conduziu ao departamento de trânsito para conversar com o comandante sobre permissão para dirigir em Angola, assim tomamos tais iniciativas mas só poderemos obter esta permissão depois que recebermos o visto de trabalho que ficou sendo organizado em Luanda.
Ao voltarmos para o bispado fomos acompanhados pela irmã Tereziana....e por Madalena agente do bispado para fazer algumas compras para nossa casa em Kavungo; panelas, talheres, copos, garrafas, bacias, lençóis, toalhas, cobertores... tudo isto num mercado informal na cidade, ficamos nestas compras até as 15 horas quando voltamos ao bispado para o almoço e descansar um pouco da viagem. À tarde voltamos a fazer algumas compras, pois onde vamos morar é difícil encontrar produtos que precisamos de imediato, mas só depois de alguns dias que iremos poder fazer esta análise do que realmente necessitamos para nossa sobrevivência, por enquanto tudo é um grande “mistério”.
À noite fomos organizar a bagagem e as comprar no carro para a viagem de Lwena a Cazombo, viagem de 700 km. Depois de muito trabalho para ajeitar o que precisaríamos de imediato: gerador de energia, camas, panelas, talheres... Claro que o carro uma Land-cruiser da Toyota foi lotado e ainda precisou usar o bagageiro externo superior.
Luanda, ponto de entrada dos missionários em Angola.
Saímos bem cedo para viagem, por volta das 5 horas, o ditado, é no andar da carruagem que as abóboras se acertam, foi levado a sério em nossa viagem, estradas de difícil circulação, ainda mais em tempo de chuvas, para nosso alívio estamos no início das chuvas por aqui. Há cada quilômetro de estrada íamos vislumbrando novos cenários, relevos e planícies, de buraco em buraco fomos avançando. A primeira parada foi em Kamanongue para uma pequena visita às Irmãs....que são brasileiras e que acabaram de chegar na diocese e também uma visita ao padre.... .
Seguimos viagem para Luau, passando por Mucunda, Kassai Sul. Chegamos em Luau por volta das 14 horas, visitamos os padres deonianos, conhecemos mais um missionário brasileiro, padre Luis Claudio, natural de Taubaté. Almoçamos e para nossa surpresa foi oferecida uma gostosa caipirinha e depois de alguma conversa podemos saborear um delicioso vinho do porto, pois os outros padres de Luau são portugueses. Conversando combinamos de acolher mais um viajante até Cazombo, num sinal de acolhida um dos padres iria viajar conosco...o carro que já estava cheio ficou ainda mais apertado, pois o escolhido para viagem o padre Luis Claudio pesa uns 150 kg além da bagagem. Em Luau fomos visitar as irmãs hospitaleiras. ali reabastecemos o carro com gasóleo (óleo diesel) e reorganizamos a bagagem para abrir mais espaço, com cinco passageiros partimos para Cazombo por volta das 16 horas.
A viagem iniciou-se de maneira tranquila, a empresa brasileira, Queiros Galvão, está asfaltando a estrada de Luau à Cazombo, mas só há cerca de 20 km asfaltado construído, a obra está estimada para três anos.
No caminho para Kavungo tivemos a primeira oportunidade de aprender a usar o guincho que fica na frente do carro, pois ficamos atolados na estrada, precisamos de quase 20 metros de cabo de aço para alcançar uma pequena árvore onde foi nosso apoio, ela quase não suportou o peso e tivemos que segurá-la para não ser arrancada com a força do guincho. Depois deste batismo na lama seguimos viagem entre muitas outras lamas e burados.
Chegamos em Kavungo (Nana Candundo) às 23h40 e fomos acolhidos pelo Pe Lopes, pároco da paróquia de São Bento, que estava preparando o povo para celebração no domingo. Descarregamos algumas coisas que trouxemos para nossa casa com a ajuda de alguns jovens da comunidade. Que de início já demonstrava muita docilidade conosco.
 Por volta das 24 horas partimos para Cazombo, caminho de 62 km, mas já de difícil acesso devido ao início das chuvas. Logo nos primeiros quilômetros encontramos carros afundados no barro, tentamos ajudá-los, mas as cordas que amaravam o outro carro não eram fortes o suficiente para arrastar o carro, assim eles tiveram que ficar para trás, seguimos nosso caminho. Já com chuva era difícil distinguir na estrada as poças de agua que a qualquer momento poderiam se tornar traiçoeiras e nos afundar na lama, é necessário muita cautela e conhecimento para rodar nestas estradas...tivermos grande oportunidade de aprender com o nosso chofer, o senhor Bispo, um pouco as malicias das estradas angolanas...
Debaixo de muita chuva chegamos a missão São Bento as 03 horas, portanto quase 20 horas de viagem de Lwena a Cazombo, percorrendo 700km local onde os beneditinos fixaram residencial em tempos antigos e hoje é administrado pela diocese de Lwena...a vila de Cazombo ainda fica a 7 km da missão.
Flagrante das estradas de Angola.
Fomos acolhidos pelas irmãs filhas do coração de Jesus, que já estão nesta missão desde 2005, que debaixo de chuva nos acolheram com alegria em sua residência...
Depois de longa viagem, acertar os aposentos, guardar bagagens e tomar o banho já estávamos perto das 04 horas quando fomos repousar.
No segundo dia, 14/01 de nossa estadia na missão São Bento celebramos a Santa Missa e fomos apresentados a comunidade local, primeira oportunidade de sentir de perto a espiritualidade e a ritualidade do povo angolano, foi emocionante ao nosso coração...
A tarde fomos ate a Vila do Cazombo para encontrar com a administradora do município, mas esta estava viajando,  percorremos um pouco para conhecer a vila...
Por volta das 16 horas iniciamos nossa viagem de volta a Kavungo, durante o dia podemos ver melhor as comunidades ao longo da estrada... Chegamos por volta das 19 horas e grande quantidade de pessoas veio nos abraçar e acolher com jeito típico do povo africano, nos encheu o coração de alegria e emoção...muitas pessoas trabalhando no preparo dos alimentos, jovens ensaiando as musicas da liturgia...muita animação. Por íamos todos nos acompanhavam.
Fomos dormir tarde, tivemos que organizar a roupa de cama com o que havia, pois ficaremos uns dias em Cazombo assim não levamos roupa de cama nem de banho, conseguimos localizar em nossas compras em Lwena um jogo de cama e algumas toalhas e ate tolha de mesa serviu de lençol e cobertores...
Dia de grande alegria para o povo de Deus, para diocese de Lwena e para paróquia de São Bento em Cazombo, pois é o dia da criação da paróquia de Santo Antônio do Kavungo e posse dos primeiros padres...
Dom Tirso, bispo da diocese de Lwena.
Acordamos com o coração cheio de alegria e com o barulho do povo nos arredores da casa em que estaremos residindo, muitas mulheres trabalhando para fazer o almoço a tempo para todos os que estavam nesta grande festa...
A celebração teve inicio as 9:30 horas grande procissão de entrada com corais, catequistas, leitores, acólitos e celebrantes Pe Luiz Claudio deoniano da Paroquia Santa Teresinha do Luau, Pe. Lopes e Pe. Manecas da missão São Bento, pelos Missionários Sacramentinos Pe. Geraldo Magela Mayrink, Pe. João Lucio Gomes Benfica e Pe. Renato Dutra Borges e o presidente da celebração D. Jesus Tirso Blanco, sdb Bispo de Lwena ...saindo na rua, defronte da antiga escola, em direção da capela inacabada, celebração assim ao ar livre com sol sobre as cabeças...
Após a saudação inicial de Dom Jesus Tirso Blanco, bispo de Lwena, o Pe. Lopes leu o decreto de criação da Paróquia de Santo Antônio de Kavungo assim o povo que era numeroso reagiu com alegria a este fato... na sequência Pe. Lopes leu também a provisão de pároco Pe. Renato Dutra Borges, sdn e vigário paroquial Pe. João Lúcio Gomes Benfica, sdn da Paróquia de Santo Antônio...quando o povo também nos saudou com grande alegria e gestos típicos  da região...
Assim a celebração teve inicio como de costume seguindo a liturgia do Segundo domingo do tempo comum. O ato penitencial cantado em luvale com coreografias do local, também os cânticos de glória na mesma língua e com outras danças que enchem os olhos e o coração de quem participa.
A liturgia da palavra todo povo se silencia, há grande importância a palavra pois a cultura oral é muito valorizada. A primeira leitura foi proclamada em Luvale, a segunda em Lumda-Dembo (língua com mais inclinação para o inglês, por influencia da Zambia e onde temos as comunidades de Lovua, estavam presentes cerca de 60 pessoas que caminharam dois dias para estar na celebração, distante cerca de 70km, onde só se chega de motorizada (moto) passando por jangadas, pois não existem pontes ou caminhando. O evangelho foi proclamado em português e luvale.
Na homilia D. Tirso ressaltou a importância deste dia para diocese, a Igreja e nossa congregação... ressaltou também a importância da presença serviçal junto do povo, estar a serviço da igreja, todo cristão, deve se dedicar a servir com alegria a comunidade. Contou também a história do cão-rei, onde o leão, rei das florestas morreu e precisavam de outro para reinar, assim foram procurando cada animal e um após o outro recusando ate chegar ao cão, este aceitou então colocaram nele a coroa, o manto, o cetro e toda pompa possível e começaram os festejos...depois de algum tempo de festa o cão começou a ficar com fome e vendo tanta comida sendo preparada foi aumentando ainda mais sua fome mas ninguém lhe dava e comer pois não estava em tempo, a fome foi ficando grande...o cão já estava salivando de vontade de comer aquelas galinhas assadas e outros pratos...de repente o rei deu um pulo deixou para trás toda pompa, abocanhou uma galinha assada e fugiu para o campo. Assim D. Tirso concluiu a importância do cristão participar e valorizar o baquete da palavra e da eucaristia que está para todos, não fazer como o cão rei que deixa tudo por um único pedaço de osso que lhe interessa.
D. Tirso ainda foi explicando a missão do padre na paroquia e a importância dos sacramentos e sua missão na comunidade...partilhar e formar o povo na Palavra de Deus, batizar os que desejam uma vida de seguimento a Jesus Cristo, celebrar a misericórdia e o amor de Deus no sacramento da confissão, celebrar e adorar a eucaristia todos os dias junto com o povo de Deus...
Após estas explicações D. Tirso recebeu nossa profissão de fé no credo niceno-constantinopolitano e renovamos nossas promessas sacerdotais, depois ofereceu cada símbolo destes sacramentos aos padres além de simbolicamente as chaves da paroquia (bom lembrar que a sede da paroquia não esta terminada, foi iniciada pelo exército português e deixada sem terminar, está do mesmo modo desde 1975)...
Após acolhida destes símbolos D. Tirso apresentou os padres ao povo de Deus, nos conduzindo entre as pessoas e estas fazendo aclamações de alegria típicos da cultura local...
A liturgia seguiu seu curso normal. Gesto importante para o povo africano são as oferendas, é momento de grande louvação...oferecer dons a Deus para que ele nos envie se Espirito para nos proteger... As oferendas são feitas primeiros dos dons do pão e do vinho, depois ofertas em dinheiro e a seguir o que o povo pode ofertar...galinhas, mandioca, milho verde, mangas, bombo(bola de farinha de mandioca para conser o funge), batatas, gasosas (refrigerantes) sumo (suco de frutas)... depois destas ofertas há um canto de agradecimento onde todos demostram a alegria de poder oferecer algo a Deus. É contagiante o ritmo, a dança e a alegria do povo nas varias coreografias e o entusiasmo de todos.
O rito eucarístico transcorre de forma similar no do Brasil, diferente é que na oração eucarística não há participação da assembleia nas aclamações entre o mementos da oração os sacerdotes rezam só e o povo escuta.
Havia muitas pessoas na celebração, mas a quantidade de comunhão foi relativamente pequena.
Antes de concluir a celebração Pe. Manecas leu a ata de criação da paroquia e de posse dos padres, além de relatar o que aconteceu durante a celebração. Em seguida Pe. Lopes fez uma apresentação da região onde vamos missionar: Kavungo, Lovua e Caianda, explicando como se compões pastoralmente cada região destas. Desejou-nos êxito e fortaleceu o desejo de caminhar juntos com a paróquia São Bento de Cazombo de onde somos filhos...
No momento de agradecimento Pe. Geraldo Magela demostrou nossa emoção e alegria em estarmos presente nesta parcela do povo de Deus aqui na diocese de Lwena, falou do grande sonho de nossa congregação em estar presente em outras terras além das do Brasil, agradeceu a acolhida e nos estimulou no serviço missionário a este povo. Também os padres Renato e João Lucio fizeram suas primeiras palavras ao seu novo rebanho, ressaltando a alegria de estar aqui, que viemos para conviver, servir, pedindo que tenham paciência conosco para ir aos poucos mergulhando nesta nova realidade que nos acolhe, fomos acolhidos com muita alegria pelo povo.
Terminada a celebração os novos padres ficaram a frente do altar para receberem o abraço de acolhida dos que estavam presentes, ressaltamos a alegria das pessoas em nossos abraçar e acolher...havia presença de varias autoridades politicas, militares e de outras religiões...
Terminado os abraços, que não foram poucos, seguimos para o almoço e orientados por uma frase que nos acompanhou desde quando chegamos “por aqui senhor padre”, nos conduzindo nestes novos caminhos de missão.
O almoço foi partilhado com todos, muita comida... funge, carnes, massas e pra nossa alegria feijão e arroz...
A tarde foi chegando e muitas pessoas ainda estavam festejando, com certeza houve jantar também para todos os que estavam presentes
A noite chegou e um grande dia para nós e para este povo entra para história. É a Igreja que se aproxima é o Reino de Deus que vai se fazendo presente em todos os cantos da terra.
O dia começa novo, ainda muitas pessoas estão no ritmo da festa... fato interessante e que merece grande reflexão por nossa parte é que as pessoas que tinham vindo das comunidades de Lovua partiram cedo, mas ficou um grupo de seis pessoas esperando um dos membros que ficou doente quando chegou a Kavungo e teve que ficar internado no pequeno hospital onde as enfermeiras fazem as vezes dos médicos, este grupo ia esperar ate que o doente estivesse em condições de caminhar de volta pra casa.
Aproveitamos a manha para fazer os acertos finais com D. Tirso ele nos apresentou as algumas ações da diocese, datas, organização econômica e avaliamos o que ainda estava faltando em nossa casa; muita da mobília que a diocese comprou para colocar na casa ainda não havia chegado, mas estava para vir, a diocese disponibilizou a casa para três missionários, mas por enquanto vamos ser dois por um longo tempo, esperamos contar com mais um irmão para vivenciarmos esta grande missão a nos confiada.
Padre João Lúcio e padre Renato, da esquerda para a direita.
Depois do almoço foram realizados os preparativos para volta a Lwena dos padres Geraldo e Luis Claudio (até Luau) e de D. Tirso. Carro mais uma vez lotado, na despedida Pe. Geraldo demonstra sua confiança em nossa missão e nos estimula na vida religiosa e missionaria que estamos assumindo em nome de toda congregação.Também preparamos nossa bagagem para voltar para missão São Bento em Cazombo, onde moram os padres Lopes e Manecas e também as irmãs filhas do coração de Jesus;Ir. Suzana (Filipinas), Ir. Mary (Papua-Nova Guiné), Ir. Berta (Indonésia) e Ir. Maria Jose (Brasil). O Toyota Land-Cruiser veio lotado, bagagens e 8 pessoas...além de dois cabritos que berravam o tempo todo ao logo dos 62 km que separam Kavungo da missão São Bento que ainda esta a 5 Km de Cazombo que é a capital do município de Alto Zambeze.
Esta terra precisa de muitos missionários e missionárias para testemunhar o amor, a misericórdia e a bondade de Deus autor de toda a vida. O amor a Deus precisa ser traduzido no amor ao próximo. Deus nos ama sem distinção: Temos que entender isto com gestos concretos de convivência fraterna.
Se é a primeira impressão que fica. Precisamos de muita força e paciência. Muita oração e fé. Que Deus não nos deixa faltar esses alimentos. Vivemos em poucos dias o que Pe Júlio Maria relata em seu diário missionário. È isto o espaço da missão! Que não nos falte a coragem do nosso Fundador.
Os primeiros dias em Angola foram interessantes, muita novidade, a linguagem que apesar de ser o português tem muitas diferenças de nosso português brasileiro além das línguas locais. O povo é muito alegre tem grande respeito pelos padres, religiosos e religiosas.

FORANIA DE IPANEMA: À primeira vista qual o retrato que se pode descrever da Igreja na África?As diferenças culturais refletem no jeito de ser Igreja?

MISSIONÁRIOS: A África é um grande e complexo continente, em Angola, que está na África Austral, o pouco que percebemos a liturgia é similar a nossa, com algumas diferenças na ritualidade, mas em princípio não se percebe muita diferença, a não ser nas respostas da oração eucarística que o povo não responde; porque não as tem. Na região que estamos morando, leste de angola, há muita influência da Zâmbia e do Congo Democrático assim a liturgia tem os cantos próprios da língua local e muita dança. A cultura reflete no jeito de ser Igreja, isto mostra a diversidade e universalidade da Igreja. Na diferença cultural celebra-se o mesmo mistério da nossa fé.

FORANIA DE IPANEMA: Já foi possível identificar qual será o maior desafio desta missão?

MISSIONÁRIOS: Nestes poucos dias o que parece ser o maior desafio são as línguas locais, poucas pessoas entendem o português, só os que tiveram oportunidade de ir à escola, que são poucas, haja vista que o país viveu por muito tempo em guerra, assim não tinham muitas oportunidades de estruturar um ensino de qualidade. Teremos que ter muita paciência e sensibilidade aguçada para não atropelar nada e dedicarmos na aprendizagem das línguas locais, sobretudo, Luvale e Lunda-Dembo.

FORANIA DE IPANEMA: Conte-nos um pouco de como os senhores atuarão pastoralmente e qual será a rotina durante esse tempo de missão?

MISSIONÁRIOS: Em curto prazo estamos na observação, sentindo de fato como se organiza esta Igreja local, grande virtude dos missionários é saber distinguir a hora da graça de Deus.  Portanto, nossa rotina será de ouvir, ouvir e ouvir...ver, ver e ver. Faremos vistas às comunidades, conheceremos as pessoas mais de frente das igrejas – comunidades, aqui são chamados de catequistas.
Em médio prazo vamos entrar na dinâmica de formação dos catequistas locais que já esta bem iniciada, terá os cursos de base, formação humana e outros que surgirem como necessidade. E em longo prazo vamos trabalhar a dimensão bíblica na formação das pessoas e famílias a partir dos grupos de reflexão, pois esta é a menina dos olhos de qualquer programa de evangelização.
Deus chama, Ele mesmo indica o que e como fazer o que precisa ser feito. A vivência da fé marcada pelas experiências de vida enriquecem os discípulos do Senhor. Nunca se sabe como será a missão, sabemos que ela precisa acontecer. São obra e benção de Deus!

FORANIA DE IPANEMA: Como o cristianismo convive com as tradições locais?A diversidade étnica tem reflexos na moral, na liturgia, na pastoral?

MISSIONÁRIOS: A cultura africana é milenar, diferente da nossa brasileira que perdemos durante a colonização com a erradicação da maioria dos indígenas. Em África a cultura de cada tribo permaneceu, assim a Igreja adaptou-se e acolheu o que é próprio entre as diferentes etnias. Porém, há um respeito muito grande pela liturgia, os coroinhas são muito bem preparados, os cantos ensaiados, valorização da eucaristia também é muito grande. A pastoral tem dificuldades pelas distancias e pela falta de estruturas, a linguagem, o processo formativo dos agentes de pastoral, há um grande trabalho com os catequistas, que aqui tem também o dever de coordenar a comunidade, assim toda liderança da comunidade se da o nome de catequista, que também ajudam na homilia fazendo uma síntese na língua local depois da pregação do padre, é algo muito interessante de vivenciar na comunidade, causa uma grande emoção no coração do missionário. Na questão moral ainda não tivemos oportunidade de sentir como se dá no dia a dia das pessoas, mas ao que parece não há muitas diferenças na doutrina da Igreja que é universal.

FORANIA DE IPANEMA: Do que o senhor está sentindo falta, ou seja, qual a grande diferença?

MISSIONÁRIOS: A grande diferença está nos meios de evangelização, somos acostumados no Brasil com muitas facilidades de material pastoral, xerox, energia elétrica, vídeos, encontros nos fins de semana. Aqui somos privados disto. Mas a criatividade nasce no exercício da missão, assim, estamos nos adaptando em nova realidade, já sabíamos destes desafios antes de chegar por estas terras. É claro que quando a gente chega é o sentimento é diferente. Mas vamos superando aos poucos.

FORANIA DE IPANEMA: Sabemos que a missão ad gentes possui muitos desafios. Como foi a preparação dos senhores no Brasil?

MISSIONÁRIOS: A missão além-fronteiras (missionários enviados para viver entre pessoas que já conhecem o cristianismo mas que por fatores diversos estão afastados da vida da Igreja que é diferente da missão Ad Gentes que são missionários enviados a pessoas que nunca ouviram falar sobre Jesus Cristo) faz parte da Igreja desde os tempos apostólicos, assim todo missionário esta aberto a esta necessidade da Igreja
A congregação nos deu muita oportunidade para esta preparação, primeira ação foi nos distanciar um pouco da administração paroquial assim estar mais livres para fazer cursos, leituras e um melhor cultivo de nossa espiritualidade. Segundo nos permitir participar de curso de aprofundamento da vida religiosa que a Igreja no Brasil oferece para nosso amadurecimento, participamos do curso da conferência dos religiosos do Brasil CRB chamado PROFOLIDER programa de formação de liderança e também participamos do curso promovido pela Conferencia dos Bispos do Brasil CNBB através do Centro Cultural Missionário CCM o curso Ad Gentes que trabalha formação de missionários brasileiros enviados em missão além fronteiras, tivemos também a oportunidade de visitar algumas paroquias em que nossa congregação esta presente para apresentar este projeto missionário e assim partilhar um pouco destes desafios.
Nos preparamos para sermos "angolanos" no meio de angolanos e não viver como brasileiros entre angolanos. A missão além fronteiras tem seu preço, não conseguiremos ser "angolanos" como os angolanos pois já carregamos grande carga cultural, assim perdemos um pouco de nossa identidade como brasileiros e não conseguiremos ser angolanos; devemos viver como bons hospedes na "casa" de nossos anfitriões, com tudo que eles tem de virtudes e de limites, pois as mesmas alegrias e esperanças, as tristezas e angustias desde povo também serão as nossas. Assumir outra cultura é assumi-la como um todo; as conquistas sociais, as políticas publicas que a sociedade brasileira possui são frutos de nossa construção histórica. Ao ir para outra cultura devemos ter a consciência de perder, deixar estes direitos adquiridos.

FORANIA DE IPANEMA: Se fôssemos eleger...o maior desafio é...

MISSIONÁRIOS: O maior desafio é ser uma presença que não gere dependência.

FORANIA DE IPANEMA: Os senhores têm um programa para atuar nesta missão?

MISSIONÁRIOS: A primeira atitude do missionário é desprogramar-se, esvaziar-se dos métodos e práticas para estar aberto ao novo e acolher com alegria o mistério que cada cultura manifesta para humanidade. Não temos ouro nem prata o que temos é o que oferecemos; Jesus Cristo e seu discipulado.

FORANIA DE IPANEMA: A palavra está livre. Os senhores ficam livres para tratar de assuntos que não perguntamos nesta entrevista, fiquem à vontade.

MISSIONÁRIOS: A vocação missionária é de toda Igreja, como canta Zé Vicente “é missão de todos nós...”, Nossa congregação, Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora, temos a alegria de oferecer a Igreja um pouco de nossa espiritualidade e carisma. Celebramos 100 anos da chegada do Pe. Julio Maria ao Brasil, assim nos sentimos devedores do evangelho a outras culturas, por isto este esforço missionário de nossa congregação. Já que a missão é de todos nós, queremos também contar com leigos, voluntários que possam vivenciar e doar-se a este povo um pouco da expressão de fé, trabalho, vivencia comunitária e testemunho de uma vida evangélica. Claro que vamos levar um tempo para atingir este objetivo de trazer leigos aqui para Kavungo, mas faz parte de um grande projeto da congregação e uma necessidade pastoral também.
Desejamos a toda nossa forania de Ipanema e a nossa Igreja mãe, Diocese de Caratinga, já que nossa família é desta diocese, Mutum e Durandé, que sejam bons missionários e missionárias visitando e vivenciando os valores da Palavra de Deus entre os amigos, vizinhos, no trabalho e na família. Somente com a radicalidade de nosso testemunho de fé vamos concretizar o Reino de Deus.
Nas vossas orações, rezem a Deus por nós aqui. Pela oração muitas pessoas receberam graças e foram felizes em seus trabalhos. Que com a oração nós todos permaneçamos em sintonia e co-responsáveis pela missão evangelizadora em toda a terra.
Portanto, CORAGEM, Deus te chama também!

Podem entrar em contato conosco via correio pelo endereço:

Aos cuidados de

Diocese de Lwena
Rua Saidy Mingas
C aixa Postal 88, Lwena, Moxico – Angola

Acompanhe o blog do padre Renato: http://renatosdn.blogspot.com/
Fotos: Padre Renato Dutra

*Administrador do blog

Estudos Pastorais

Conselho Pastoral Comunitário (CPC)
 e suas Funções

Para a organização da Comunidade, é preciso que ela tenha um Conselho Pastoral Comunitário. Um Conselho de PASTORES. discípulos missionários para a ação evangelizadora (Ler Ez. 34,1-31; Lc. 15; Jo. 10,1-16).
É importante que cada comunidade da paróquia tenha o seu Conselho em funcionamento.
São Membros do CPC:
Disse Jesus: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas".
§  O Coordenador, o Tesoureiro e Secretário da Comunidade.
§  Um representante de cada Pastoral existente na comunidade eleito pela equipe dirigente de cada pastoral.
§  Um animador dos Grupos de Reflexão eleito pela equipe dirigente dos grupos.
§  Um representante de cada movimento assumido pela paróquia e existente na Comunidade eleito pelo movimento.
§  Um representante da Equipe de plenários escolhido pela equipe de plenaristas da Comunidade.
§  Um representante da Equipe de Cânticos escolhido pelos membros da Equipe.
Função do Conselho Pastoral Comunitário
"Vocês são o sal da terra e a luz do mundo".
a)      Animar e incentivar a Comunidade para que ela cresça na fé e na fraternidade.
b)      Incentivar e acompanhar os Grupos de Reflexão, os Plenários e as Pastorais.
c)      Planejar e fazer acontecer as atividades comunitárias (celebrações, cursos, reuniões, festas, mutirões, reivindicações, etc.).
d)     Interessar-se pelos direitos humanos, sociais, políticos e religiosos da comunidade.
e)      Unir as forças vivas da Comunidade para formar discípulos missionários.
f)       Cuidar dos bens e área da Igreja e de toda a comunidade.
g)      Rever sempre, nas reuniões, o funcionamento das dimensões pastorais.
h)      Reunir-se sempre que necessário ou, pelo menos, uma vez no mês para estudo, avaliação, planejamento, etc.
i)        Visitar as famílias da comunidade nos aniversários, festas e dificuldades.


Paróquia de Mutum