ORIENTAÇÕES PARA AS PRÁTICAS PASTORAIS
NA FORANIA DE IPANEMA
Padre Silas de Paula Barros*
Planejamento pastoral: um instrumento sustentável para organizar a nossa ação evangelizadora nas comunidades, no caminho da caridade.
CONHECER A REALIDADE
Optaremos pelo modelo que se tornou conhecido, (método ver, julgar e agir). Nascido no seio da Ação Católica dos anos 50, na Bélgica, encontrou e encontra um campo fértil para seu desenvolvimento na Igreja . Novos elementos de acordo com as necessidades da nossa realidade e com a nossa compreensão teológico-pastoral (foi acrescentado, por exemplo, o “celebrar”, o “avaliar”).
Chamado também de “método participativo”, colocando em destaque o aspecto “comunhão, missão e participação”, tão importantes à Igreja, especialmente a partir do Concílio Vaticano II.
OS CAMINHOS ALTERNATIVOS
A. INICIANDO O PLANEJAMENTO
A primeira preocupação será a de motivar a comunidade. O planejamento não é idéia e ação de uma ou mais pessoas, mas de toda uma comunidade que sente a necessidade de planejar a ação pastoral. É fundamental a presença de uma boa coordenação que procure harmonizar e fazer acontecer o processo, sem andar na frente e fazer pelos outros.
Organizar um grupo é importante (capacitação metodológica). É preciso ajudar as pessoas a se prepararem para que possam se sentir sujeitos do processo. As Assembléias, os Conselhos de Pastoral, as equipes de serviço e outras realidades que envolvem a ação evangelizadora são importantes.
Mesmo que o planejamento seja um processo contínuo, ele possui os seus tempos. É importante haver, ao menos como base, um prazo definido para começar e terminar. A coordenação do planejamento pastoral deve registrar por escrito todos os passos realizados. O resultado final desse trabalho será praticamente o Plano de Pastoral para a comunidade caminhar na construção do reino de Deus e na formação de uma sociedade mais justa e humana.
B. VER A REALIDADE A SER EVANGELIZADA
Jamais se começa uma ação pastoral ou um planejamento do zero. É preciso conhecer adequadamente a realidade a ser evangelizada. Nessa realidade já encontraremos muitos sinais da ação de Deus. Ver a realidade significa buscar conhecer a sociedade e a Igreja que realmente temos. Com isso, vamos construindo um “marco da realidade”.
É preciso ver a realidade com o olhar de Deus, um olhar que tem como objetivo a Salvação, ou seja, a transformação da realidade. A caridade pastoral direcionará este olhar. Será muito útil definir alguns enfoques de análise como, por exemplo, analisar a realidade da sociedade e da Igreja; analisar aspectos que formam a realidade como, por exemplo, aspectos pessoais, sociais, políticos, econômicos, religiosos, experiências anteriores, interferências externas, mundo digital, etc.
C. JULGAR E ILUMINAR A REALIDADE
É o momento de refletir sobre a sociedade e a Igreja que queremos. Julga-se a realidade com os olhos de Deus, tendo como base a Palavra de Deus, a Tradição da Igreja, os valores da nossa Fé, e outros valores que darão sustentação para que a vida possa crescer e florescer, etc.
Compara-se a realidade vista no momento anterior com as idéias e valores do Reino. Tudo isto nos ajuda a discernir os desafios da nossa ação evangelizadora (oportunidades, ameaças, opressões, ou apelos), relacionar as urgências e prioridades e determinar o que queremos fazer para melhor viver a travessia.
D. SINTONIZAR O OBJETIVO GERAL
Do encontro entre o que temos (marco da realidade) e o que queremos ter (marco doutrinal), nasce o objetivo geral, elemento integrador de toda a atividade pastoral. O objetivo geral deve ser elaborado em sintonia com as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, do Regional, da nossa Diocese, da Paróquia, etc.
E. AGIR SUSTENTÁVEL NA REALIDADE
É o momento de selecionar e programar as atividades. Esta programação deve ser caracterizada pela unidade, criatividade, visibilidade e objetividade. A escolha de prioridades deve sempre estar em harmonia com o objetivo geral. É importante, neste momento, reforçar e criar estruturas e espaços que garantam a possibilidade de se realizar aquilo que se está programando.
Da mesma forma é preciso definir as responsabilidades a serem assumidas. Nesse momento, temos praticamente pronto o Plano de Pastoral. Este plano deve ter um prazo de vigência e ser muito bem divulgado para toda a comunidade.
F. SABER AVALIAR O PLANEJAMENTO
O processo de planejamento é contínuo, deve ser também a avaliação. Todas as etapas do processo de planejamento devem ser avaliadas. Mas, uma vez definido e colocado em prática o plano de pastoral, é preciso definir momentos específicos para a avaliação do próprio plano. É fundamental uma atitude de abertura às críticas, sugestões, etc.
G. RETOMAR O PLANEJAMENTO É IMPORTANTE
É o que garante que o planejamento pastoral se torne verdadeiramente um processo contínuo e não somente um momento da vida de uma comunidade, de uma pastoral ou de um movimento eclesial. Ao retomar o planejamento, já estaremos começando a preparar um futuro plano.
PARA PENSAR
· “mais importante que os resultados futuros de um planejamento pastoral, é o próprio processo de planejamento”;
· “no planejar já se está evangelizando e se evangelizando”;
· “o planejamento reflete a Igreja que somos e ao mesmo tempo edifica a Igreja que devemos e podemos ser”.
(Lucas 14,28-30)
*Forâneo e pároco de Mutum
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