NAMORO: UMA ESCOLA DE AMOR
Michel Hoguinelle Araújo*
O namoro é um processo de descobertas que almeja a plenitude afetiva. Nesse bonito encanto de almas está implícita uma incessante vontade de ser feliz, de encontrar a pessoa ideal, de viver o amor eterno.
É importante compreender que não existe uma pessoa modelo, a idealização de alguém é muito perigosa. Não existe conto de fadas, o amor não é instrumento estático, ele requer dinamismo. É muito fácil amar uma pessoa pela inspiração dos primeiros olhares, toques, beijos. As limitações são reveladas pela intimidade, e muitas vezes são incompreendidas sendo causa de intolerância, impaciência, descaso. Na “era do descartável” o ser humano não está interessado em buscar um relacionamento bem-sucedido. Se não der certo, separa.
Não há um comprometimento sério com o sentimento do outro. Como se diz atualmente, “a fila andou...”. É triste perceber a falta de cordialidade entre os casais, as indelicadezas, a falta de paciência e a falta de respeito. Os sentimentos humanos estão se perdendo no vento. Os valores morais se fragilizam na confusa percepção do que é considerado certo. As musicas incitam um erotismo desregrado e extremamente natural. A televisão transmite que tudo é normal e permitido. A beleza da conquista está desaparecendo nessa imensidão de anormalidades, que sufocam estrondosamente o amor puro que une os casais sonhadores.
O amor ainda imaturo no namoro deve ser cultivado com responsabilidade. Ele é a união de realidades diferentes. A aceitação recíproca é necessária para um relacionamento duradouro e feliz. A construção de um amor pleno não é feito apenas de romantismo fantasioso, mas de muita renúncia.
O amor não é egoísta, quem ama deve estar disposto a enfrentar diversas restrições e até mesmo sacrificar-se em função da felicidade do outro. O respeito à individualidade é uma ponte para o crescimento do amor mútuo. Uma planta só deve ser podada quando há necessidade de desenvolvimento.
Um relacionamento a dois não deve ser considerado uma “válvula de escape” para solucionar a solidão. Se por ventura nesse processo de abertura, as incoerências forem surgindo e os desejos mútuos já não tiverem mais sentido, deve- se pedir a Deus o discernimento e partir novamente em busca da felicidade a partir de tudo aquilo de bom que ambos construíram juntos. Os sonhos devem ser renovados com base na alegria das inspirações e lembranças de como é maravilhoso sentir-se inebriado de amor
A arte de amar requer aprendizado, os alicerces são instaurados no instante que o namoro recebe um chamado muito especial, o casamento. O matrimônio é sublime em seu mistério. Pela graça de Deus, o homem e a mulher se tornam uma só carne e tem um compromisso essencial, que é dar continuidade ao plano de amor que Deus os confiou, sem esquecerem que a fonte sublime de amor é Jesus Cristo.
O amor que Cristo nos ensinou, é filantrópico (não ofereceu somente o que estava ao seu alcance, se deu por inteiro). Ofereceu tudo, se consumiu por amor a nós.
A essência do amor não pode simplesmente ser criada dentro de nós, ela deve ser alimentada em sua divindade e trazida ao nosso coração. Só quem experimenta o amor de Deus pode reconhece o real valor escondido no interior do outro e fazer com que esse valor, está oculto, venha a manifestar-se seriedade, almejando uma união madura e estável. O matrimônio é o desejo de construir uma vida comprometida com a felicidade alheia. É o inicio de um namoro eterno. Um sacramento de amor.
Olhar o outro sobre a ótica de Deus é receber a motivação necessária para vivenciar o desejo de saborear intensamente o verdadeiro amor. É repousar nas águas tranqüilas da paz interior e deixar se conduzir por uma preciosa certeza: “Encontrei, afinal aquele, que meu coração ama.” (Ct 3,4).
Que Deus abençoe a todos os namorados e a todos os casais que fazem de suas vidas uma verdadeira escola de amor.
*Seminarista da Diocese de Guanhães.
Texto transcrito do Site “Diocese de Caratinga”.
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